Escola: um enigma indecifrável!
Quero fazer uma declaração de amor: Tenho uma paixão! Domina-me, prende-me, arrasta-me e consome-me. É maior que eu mesmo. Não teve jeito. Por muito tempo eu resisti. Tentei fugir, fazer outra coisa... Mas, não deu. O que eu sou, o que eu tenho. O meu passado e futuro estão atrelados a ela.
Amo apaixonadamente a ESCOLA. Não sei viver fora desse ambiente. Não sei fazer outra coisa senão pensar nela, trabalhar e sofrer nela.
Ao ingressar-me nesse local, pela primeira vez aos sete anos, lembro-me muito bem desse dia: Observei as paredes, as carteiras, meus colegas, minha professora, meu material escolar, enfim fiquei atento a toda aquela novidade! Nunca gostei tanto de um lugar, como havia gostado daquele. Eu me encontrei!
Começou aí a minha paixão e reflexão sobre essa INSTITUIÇÃO, chamada ESCOLA. Estive sempre atento sobre o que as professoras falavam sobre o Conhecimento Escolar, desde os anos iniciais. Com o passar do tempo pude dialogar com os professores e professoras sobre o tema. Alguns professores deixaram suas marcas em mim, imprimiram uma forte conexão e auxiliaram-me a ser o que sou hoje.
Não falo aqui da palavra EDUCAÇÃO, falo sim, da palavra ESCOLA. Sobre o que acontece no seu interior, sobre suas relações entre os diversos indivíduos que se interagem nesse espaço.
Minha paixão pela Escola me reservou uma decepção, comum às paixões. Eu não passava nos exames seletivos para concursos de vagas seja de CEFET, UNIVERSIDADES OU CONCURSOS PÚBLICOS. Descobri que percorri toda a trajetória escolar com êxito, mas, não sabia nada. Ou melhor, quando eu precisei daquele conhecimento, não soube aplicá-lo. Ainda hoje, eu não sei. Você não sabe o custo que foi redigir esse texto.
Cheguei a uma conclusão, polêmica é claro, alguns dirão: “não é bem assim...” Mas, é o seguinte: “A ESCOLA ENSINA ERRADO!” Engana-se quem pensa que os alunos não aprendem. Engana-se quem pensa que a escola não está ensinando. Engana-se quem pensa que os alunos não absorvem conteúdos. Os alunos realmente aprendem o que é ensinado. O problema é que a escola ensina errado!
Os alunos conseguem chegar até ao nono ano do ensino fundamental II ou ao terceiro do ensino médio sem saber escrever direito, sem saber usar as normas gramaticais da língua culta. Não escrevem um texto ao menos inteligível. Duvida? Leia as “pérolas do Enem” que circulam livremente na internet, aquilo é verdade, posso comprovar mostrando exemplos de textos que os alunos escrevem para mim.
Quero fazer uma declaração de amor: Tenho uma paixão! Domina-me, prende-me, arrasta-me e consome-me. É maior que eu mesmo. Não teve jeito. Por muito tempo eu resisti. Tentei fugir, fazer outra coisa... Mas, não deu. O que eu sou, o que eu tenho. O meu passado e futuro estão atrelados a ela.
Amo apaixonadamente a ESCOLA. Não sei viver fora desse ambiente. Não sei fazer outra coisa senão pensar nela, trabalhar e sofrer nela.
Ao ingressar-me nesse local, pela primeira vez aos sete anos, lembro-me muito bem desse dia: Observei as paredes, as carteiras, meus colegas, minha professora, meu material escolar, enfim fiquei atento a toda aquela novidade! Nunca gostei tanto de um lugar, como havia gostado daquele. Eu me encontrei!
Começou aí a minha paixão e reflexão sobre essa INSTITUIÇÃO, chamada ESCOLA. Estive sempre atento sobre o que as professoras falavam sobre o Conhecimento Escolar, desde os anos iniciais. Com o passar do tempo pude dialogar com os professores e professoras sobre o tema. Alguns professores deixaram suas marcas em mim, imprimiram uma forte conexão e auxiliaram-me a ser o que sou hoje.
Não falo aqui da palavra EDUCAÇÃO, falo sim, da palavra ESCOLA. Sobre o que acontece no seu interior, sobre suas relações entre os diversos indivíduos que se interagem nesse espaço.
Minha paixão pela Escola me reservou uma decepção, comum às paixões. Eu não passava nos exames seletivos para concursos de vagas seja de CEFET, UNIVERSIDADES OU CONCURSOS PÚBLICOS. Descobri que percorri toda a trajetória escolar com êxito, mas, não sabia nada. Ou melhor, quando eu precisei daquele conhecimento, não soube aplicá-lo. Ainda hoje, eu não sei. Você não sabe o custo que foi redigir esse texto.
Cheguei a uma conclusão, polêmica é claro, alguns dirão: “não é bem assim...” Mas, é o seguinte: “A ESCOLA ENSINA ERRADO!” Engana-se quem pensa que os alunos não aprendem. Engana-se quem pensa que a escola não está ensinando. Engana-se quem pensa que os alunos não absorvem conteúdos. Os alunos realmente aprendem o que é ensinado. O problema é que a escola ensina errado!
Os alunos conseguem chegar até ao nono ano do ensino fundamental II ou ao terceiro do ensino médio sem saber escrever direito, sem saber usar as normas gramaticais da língua culta. Não escrevem um texto ao menos inteligível. Duvida? Leia as “pérolas do Enem” que circulam livremente na internet, aquilo é verdade, posso comprovar mostrando exemplos de textos que os alunos escrevem para mim.
Por que isso acontece? Porque a Escola ensinou. Segundo ela, não é preciso ler os próprios textos que se escreve, copia-se por copiar, não é preciso ouvir os colegas quando estes estão falando. O importante é ficar quieto e não interagir com eles, senão se cria bagunça. Não se presta atenção aos auxiliares de serviços, não se ensina a tratá-los com respeito e educação.
Não adianta por a culpa nos alunos, são excelentes!
Foi a escola quem ensinou errado.
Um objetivo educacional presente nos documentos oficiais é: “desenvolver o gosto pela leitura e pela escrita” e quando a criança já apresenta esse gosto, o que a escola faz? Desenvolve o desgosto.
Um objetivo educacional presente nos documentos oficiais é: “desenvolver o gosto pela leitura e pela escrita” e quando a criança já apresenta esse gosto, o que a escola faz? Desenvolve o desgosto.
Aprendi a ler antes de ir para escola, já
escrevia o meu nome e meus tios liam para mim revistinhas em quadrinhos. Como
falei, minha paixão pela Escola é de tenra idade. Quando aprendi a escrever, na
escola, comecei a escrever com gosto. Lembro-me de ter participado de um
concurso de redação sobre o meio ambiente. Lembro-me de ter perguntado à
professora sobre o resultado dele. A professora não tinha uma resposta para me
dar.
A escola peca quando o que se produz de leitura e escrita não tem uma destinação social, não existe o chamado letramento. Pode até ter uma motivação inicial, mas depois não há uma continuidade, pula-se de uma atividade para outra e outra... Uma não complementa a anterior, não retoma, não acrescenta e muito menos conclui.
Eu sou um exemplo disso, não sei escrever, ler, eu até leio muito, mas, escrever um texto bom? Que dificuldade! Dentro dos muros da escola a escrita é circunscrita a apenas resolver os exercícios do livro-texto. O ensino de Língua Portuguesa se baseia num recorte de uma gramática descontextualizada.
O que se escreve? Para quem se escreve? Por quais motivos? Quais são os portadores de texto? São perguntas que não se fazem na escola.
Porque estou dizendo isso tudo? Porque se você pedir a um aluno do nono ano do ensino fundamental II para reler o que ele mesmo escreveu, ele se recusará. Virá com uma pergunta desconcertante: “para quê?” Em sua trajetória escolar ele nunca precisou corrigir o próprio texto, isso nunca lhe foi solicitado.
A escola solicita ao aluno fazer trabalhos em suas diversas disciplinas ao longo dos anos do ensino fundamental e médio e os professores que os recebem não os lê. Simplesmente dão um risco de caneta de alto a baixo significando que “passou o olho”. Avalia a capa, a aparência do trabalho e dão a nota por isso. Trabalho com “aparência” de limpo e mais ou menos no formato esperado recebe uma boa nota, se não parecer “apresentável” recebe uma nota menor. Também muito desses professores tem o costume de guardar os trabalhos em sua própria casa e não os devolvem aos alunos, dessa forma acabou-se de ensinar que não é necessário ler o que se escreve e que escrever é apenas copiar palavras e frases fora do contexto bastando dar uma boa aparência na capa para receber uma nota melhor. Ultimamente, os alunos não se dão ao luxo nem de dar uma roupagem ao trabalho, já arrancam folhas do próprio caderno, com rebarba e tudo, grampeiam e entregam ao professor.
A escola peca quando o que se produz de leitura e escrita não tem uma destinação social, não existe o chamado letramento. Pode até ter uma motivação inicial, mas depois não há uma continuidade, pula-se de uma atividade para outra e outra... Uma não complementa a anterior, não retoma, não acrescenta e muito menos conclui.
Eu sou um exemplo disso, não sei escrever, ler, eu até leio muito, mas, escrever um texto bom? Que dificuldade! Dentro dos muros da escola a escrita é circunscrita a apenas resolver os exercícios do livro-texto. O ensino de Língua Portuguesa se baseia num recorte de uma gramática descontextualizada.
O que se escreve? Para quem se escreve? Por quais motivos? Quais são os portadores de texto? São perguntas que não se fazem na escola.
Porque estou dizendo isso tudo? Porque se você pedir a um aluno do nono ano do ensino fundamental II para reler o que ele mesmo escreveu, ele se recusará. Virá com uma pergunta desconcertante: “para quê?” Em sua trajetória escolar ele nunca precisou corrigir o próprio texto, isso nunca lhe foi solicitado.
A escola solicita ao aluno fazer trabalhos em suas diversas disciplinas ao longo dos anos do ensino fundamental e médio e os professores que os recebem não os lê. Simplesmente dão um risco de caneta de alto a baixo significando que “passou o olho”. Avalia a capa, a aparência do trabalho e dão a nota por isso. Trabalho com “aparência” de limpo e mais ou menos no formato esperado recebe uma boa nota, se não parecer “apresentável” recebe uma nota menor. Também muito desses professores tem o costume de guardar os trabalhos em sua própria casa e não os devolvem aos alunos, dessa forma acabou-se de ensinar que não é necessário ler o que se escreve e que escrever é apenas copiar palavras e frases fora do contexto bastando dar uma boa aparência na capa para receber uma nota melhor. Ultimamente, os alunos não se dão ao luxo nem de dar uma roupagem ao trabalho, já arrancam folhas do próprio caderno, com rebarba e tudo, grampeiam e entregam ao professor.
Quando falo de Escola. Não falo de uma escola em específico. Não falo de um professor em específico. Não falo de uma disciplina em específica. Falo da ESCOLA! Da INSTITUIÇÃO! Falo de um Sistema Educativo montado pelo ESTADO, de forma histórica e contextualizada, que é composta pelos seus profissionais, pelas instituições de formação docente, pelos governos federal, estadual e municipal, pelos gestores públicos e privados, pelas pesquisas e pesquisadores educacionais.
Estou falando aqui de um Conhecimento Escolar socialmente elaborado ao longo da história, pelo
fazer mesmo, cotidiano, de cada estabelecimento de ensino, pelos alunos,
famílias, comunidade, cultura. Enfim, por toda a sociedade brasileira e por tudo
o mais que possa interferir nessa instituição chamada Escola.
Falo de seu produto. A escola está produzindo analfabetos funcionais. Nas avaliações externas o resultado é sofrível. Os níveis de evasão e repetência são altíssimos. A escola brasileira não é de qualidade. Segundo o Movimento Todos Pela Educação, a taxa de analfabetismo na faixa etária de 10 a 14 anos é de 2,5% e de 15 anos ou mais é de 9,7%. Só 26,3% dos alunos que concluem o Ensino Fundamental têm um bom desempenho no SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) Apenas 63,4% dos alunos conseguem concluir o Ensino Fundamental na idade adequada. O IDEB (índice de Desenvolvimento da Educação Básica) dos anos finais do Ensino Fundamental do Brasil segundo dados do Ministério da Educação do ano de 2009 é 4, quando a média deveria ser 6.
Falo de seu produto. A escola está produzindo analfabetos funcionais. Nas avaliações externas o resultado é sofrível. Os níveis de evasão e repetência são altíssimos. A escola brasileira não é de qualidade. Segundo o Movimento Todos Pela Educação, a taxa de analfabetismo na faixa etária de 10 a 14 anos é de 2,5% e de 15 anos ou mais é de 9,7%. Só 26,3% dos alunos que concluem o Ensino Fundamental têm um bom desempenho no SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) Apenas 63,4% dos alunos conseguem concluir o Ensino Fundamental na idade adequada. O IDEB (índice de Desenvolvimento da Educação Básica) dos anos finais do Ensino Fundamental do Brasil segundo dados do Ministério da Educação do ano de 2009 é 4, quando a média deveria ser 6.
Esses
dados estão totalmente de acordo com os dados estatísticos da Escola Estadual Professora Yolanda Martins,
disponíveis na internet:
·
30,6% dos
alunos do terceiro do ciclo da alfabetização estão entre os níveis baixo e
intermediário do PROALFA 2011 (Programa de Avaliação da Alfabetização do
governo estadual de Minas Gerais). O IDEB de 2011 dos anos iniciais do ensino
fundamental é 5,2.
·
Os alunos
do quinto dos anos iniciais do ensino fundamental na avaliação do PROEB
(PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO GOVERNO ESTADUAL DE MINAS GERAIS)
tem uma porcentagem de 71,6% dos alunos dentro dos níveis baixo e intermediário
em Língua Portuguesa e em Matemática a porcentagem é de 67,2%.
·
No nono
ano a taxa é mais sofrível 80,3% dos alunos estão entre baixo e intermediário
em Língua Portuguesa e em Matemática 93,2% dos alunos não tem o conhecimento
considerado recomendado para o fim do ensino fundamental.
·
No
terceiro ano do ensino médio apenas 21,4% dos alunos estão na faixa recomendada para o nível em curso em
Língua Portuguesa e em Matemática apenas 21,7% podem ser recomendados como
conhecedores do conteúdo mínimo esperado para quem conclui a Educação Básica.
·
O IDEB
dos anos finais do ensino fundamental da Escola Estadual Professora Yolanda Martins é 2,8.
·
No ENEM
(Exame Nacional do Ensino Médio) a Escola Estadual Professora Yolanda Martins
figura em 14.565º. no ranking das
escolas de ensino médio do Brasil é a nona escola entre as onze de ensino médio
de Ibirité – MG.
·
Seu
desempenho médio da Prova Brasil de 2009 está abaixo das escolas do município
de Ibirité – MG.
·
Seu
desempenho médio no SAEB 2011 está abaixo das escolas do município de Ibirité
MG.
·
O
comparativo do IDEB dos anos finais do ensino fundamental da Escola Estadual
Professora Yolanda Martins (2,8) está bem abaixo dos demais.
·
A média
de alunos por turma nos anos iniciais do ensino fundamental é 25,5 e dos anos
finais 44,1 e médio 41,3.
·
Os anos
iniciais do ensino fundamental têm taxa de 99,7% de aprovação e apenas 11%
estão fora da faixa etária adequada.
·
Os anos
finais do ensino fundamental têm taxa de 68,4% de aprovação e 32,2% fora da
faixa etária adequada para o ano em curso, no ensino médio a taxa de alunos
fora da faixa etária adequada é maior, 41,2%. Informando que todos são
fortíssimos candidatos a evadirem da escola.
·
A taxa de
abandono dos anos iniciais é de 0,8% e dos anos finais 2,8%.
·
O único
índice em que a Escola Estadual Professora Yolanda Martins está em pé de
igualdade com os comparativos do município e é, inclusive, maior que a taxa do
Brasil é o IDEB dos anos iniciais do
ensino fundamental, que tem taxa de 5,2 a taxa do Brasil é de 5,0.
O que objetivo quando digo que a escola ensina errado não é desancar a instituição ou culpabilizar seus profissionais, pelo contrário, quero fomentar o debate, contribuindo com uma reflexão do fazer pedagógico. Há muita coisa boa sendo feita no interior das escolas, por profissionais comprometidos, que não são ouvidos pelos gestores.
Acho que
um dos motivos porque a escola é de má qualidade deve-se ao fato dos gestores públicos não levarem em
conta o fazer pedagógico ao
construírem uma escola. Pensam que para uma escola existir basta um conjunto de
salas de aula e contratar professores.
Escolas precisam de salas adequadas para os
seus profissionais trabalharem, com mesa, arquivo de aço, móveis e, sobretudo
um local que garanta privacidade para que os interlocutores possam conversar
livremente.
Escolas precisam também de bibliotecas amplas,
de sala de uso multimídias, pátio coberto, auditório, sala de reuniões amplas,
depósito de materiais, arquivo morto (procure saber a quantidade de documento
que precisa ser arquivado ao longo dos anos numa escola). Ou seja, as escolas
precisam de muito mais espaço do que os prédios atuais contam.
Pelo
exíguo espaço, gera-se nos profissionais um stress
muito alto, fazendo com que adoeçam frequentemente. Conheço uma escola que numa
sala de aula existem 55 alunos matriculados. A pergunta que não quer calar é: há
alguma condição de se ter um trabalho de qualidade num ambiente desses? Pela
precariedade e péssimas condições atuais em que são submetidos seus
profissionais, a escola acaba ensinando errado.
Mas, o que digo não é nada novo. Professoras estão conseguindo notoriedade fazendo vídeos que são postos na internet e atingem picos de exibição seja no you-tube ou no twitter. As mazelas da educação brasileira já são por demais conhecidas. Permita-me ir um pouco mais além.
Mas, o que digo não é nada novo. Professoras estão conseguindo notoriedade fazendo vídeos que são postos na internet e atingem picos de exibição seja no you-tube ou no twitter. As mazelas da educação brasileira já são por demais conhecidas. Permita-me ir um pouco mais além.
Celestin Freinet, um pedagogo francês, faz uma dissecação do tema em sua obra PEDAGOGIA
DO BOM SENSO, se referindo à escola de seu tempo, mas, oh, é tão atual!
Freinet comparou o trabalho escolar com o trabalho inútil de um soldado: cinco homens e um cabo, que tinham por missão transportar, para a outra extremidade do pátio, um monte de cascalho incômodo. Certamente, é preciso entrar em ação, e nunca depressa demais, pois a tarefa não é urgente. Um quarto de hora depois, a equipe estava pronta para a obra, se é que no caso se pode falar de equipe e de obra: um soldado empunha os varais do carrinho de mão onde se sentará quando estiver cansado; outro cuida da roda e se sentará em cima dela para manter o equilíbrio. E os homens munidos de pá? Vigiam o sargento e, quando ele olha, opa! Uma pazada de cascalho...
_ “ Saiam daí”, atreve-se a dizer um recruta espertinho. “Eu sozinho faço mais que cinco equipes juntas...”
_ “ Nada disso”. _ respondem os homens experientes. “Não estamos na vida civil e você não é pago por peça. Vai incomodar todo mundo; os colegas que não estão com vontade de trabalhar, o cabo que tem que nos vigiar aqui até a sopa, e o sargento que dirá, muito sério, quando você acabar: “Faça de novo... Ponha de volta o monte de cascalho onde ele estava! Quando você estiver em casa, poderá trabalhar o dobro; aqui é trabalho de soldado. Não tem finalidade nem razão de ser. É feito para aborrecer os militares e fazer acreditar aos contribuintes que na caserna é necessária uma mão-de-obra abundante e especializada.
Freinet pergunta “porque é preciso, que lástima! Que a técnica escolar se pareça tantas vezes com esse trabalho de soldado?” A escola luta contra crianças rápidas demais ou conscienciosas demais, contra aquelas que acabam tão depressa os deveres que, decentemente, não se pode obrigá-las a repeti-los.” O que a escola faz então? Dá outra atividade, e outra e mais outra... assim o tempo vai passando. Hoje, com 97,9% das crianças brasileiras atendidas na escola, poucas conseguem acompanhar e entender de fato o que a escola espera delas.
Desculpe-me se tudo isso que eu digo provoque em você um sentimento de angústia. Não pense que este que vos fala é um profissional esgotado e desiludido com a vida. Já disse antes, sou um apaixonado pela ESCOLA, não quero demoli-la e não sou um niilista. Acredito que isso tudo precisa ser dito e divulgado. “ A Sabedoria grita nas ruas, faz ouvir a sua voz, nas elevações, ao longo do caminho, nas encruzilhadas das estradas, junto às portas das estradas e nos portões de saída se dirigindo aos que querem ouvi-la” (Livro dos Provérbios).
Voltando à Freinet: “nosso trabalho nos unirá”. Segundo ele: Os EDUCADORES têm a vantagem insigne de poderem dedicar-se a uma tarefa que a técnica humana ainda não despojou dos seus atributos naturais. A torrente, está lá, diante deles, ribombando e se agitando. E é por lhe opormos diques cedo demais que se imobiliza na planície. Depende apenas de nós vê-la novamente descer os declives e descer com ela, marretando obstáculos a serem derrubados, agarrando-nos por vezes às raízes da escarpa a fim de moderarmos impetuosidades, habituando-nos ao ribombar e ao ritmo das águas que correm, invencíveis, para a fertilidade e a vida.
As crianças e os adolescentes, de qualquer época, sempre darão trabalho. Eles não têm obrigação de saber nada, quem tem obrigação de ensiná-las é a geração adulta. Isso já dizia Durkheim. Nós somos VELHOS, eles NOVOS. Para nós, é o mesmo... visto e revisto... que novidade tem? Para eles, não. É sempre uma novidade. A cada ano que se inicia mais uma leva de NOVOS se nos apresenta pela frente. De novo? Mas, eu já não falei isso? Sim, você já falou isso, não para esses NOVOS. Para você que é VELHO, está cansado, desanimado, triste. É deja-vú. Para eles não. Para os NOVOS, tudo é novo para os VELHOS, que somos nós, vem o perigo do imobilismo e do cansaço.
Um parceirão meu, Roberto Carlos Ramos, Contador de Histórias, que já foi menino de rua, comeu “o pão que o diabo amassou” apresenta uma Pedagogia diferente: a Pedagogia do Amor, para ele um bom professor precisa ter qualidades definidas por três “f” (Força, fôlego e flexibilidade) para poder conduzir uma educação de qualidade. O contraste é o educador que também tem três “f”(fraqueza, fadiga e ferrugem), o eterno pessimista e desiludido com a profissão.
O educador precisa se renovar constantemente estando aberto às novidades, precisa reinventar-se cotidianamente e não pode abrir mão de algumas coisas importantes. Como o seu próprio saber-fazer. Algumas coisas se renovam, outras permanecem. O educador precisa ter bom senso para saber o momento de conservar e o momento de ousar.
A Instituição ESCOLA, não muda com a rapidez que a sociedade muda, seus profissionais não se formam na faculdade de licenciatura, como se poderia supor. Eles se formam nos primeiros anos do ensino fundamental, suas práticas como professores são as práticas daqueles professores que lhe marcaram positivamente no seu percurso escolar e com os quais aprenderam alguma coisa. Isso leva um tempo de doze anos. Cada professor ou professora tem o tempo de agora para marcar definitivamente a vida de seu aluno e marcará de uma forma ou de outra, positiva ou negativamente. É RESPONSÁVEL! Ou seja, responderá por isso na eternidade, não dá para se eximir disso.
O que querem os alunos? Querem um professor que saiba bem o conteúdo que ensina, equilibrado emocionalmente, que não seja tão distante, que sorria demonstrando carinho e afeto, que os atenda em suas necessidades. Não querem um professor que não se importe com eles, querem um que saiba ouvi-los, não querem um professor que “deixe a banda correr solta”, o professor precisa demonstrar que tem o controle da situação, que puna, mas que puna justamente. Eles querem limites! Autoridade, não autoritarismo. Há um limite tênue entre esses dois conceitos. Querem fazer atividades que façam sentido, que despertem o interesse, que chame a atenção e querem ser valorizados por isso.
Freinet comparou o trabalho escolar com o trabalho inútil de um soldado: cinco homens e um cabo, que tinham por missão transportar, para a outra extremidade do pátio, um monte de cascalho incômodo. Certamente, é preciso entrar em ação, e nunca depressa demais, pois a tarefa não é urgente. Um quarto de hora depois, a equipe estava pronta para a obra, se é que no caso se pode falar de equipe e de obra: um soldado empunha os varais do carrinho de mão onde se sentará quando estiver cansado; outro cuida da roda e se sentará em cima dela para manter o equilíbrio. E os homens munidos de pá? Vigiam o sargento e, quando ele olha, opa! Uma pazada de cascalho...
_ “ Saiam daí”, atreve-se a dizer um recruta espertinho. “Eu sozinho faço mais que cinco equipes juntas...”
_ “ Nada disso”. _ respondem os homens experientes. “Não estamos na vida civil e você não é pago por peça. Vai incomodar todo mundo; os colegas que não estão com vontade de trabalhar, o cabo que tem que nos vigiar aqui até a sopa, e o sargento que dirá, muito sério, quando você acabar: “Faça de novo... Ponha de volta o monte de cascalho onde ele estava! Quando você estiver em casa, poderá trabalhar o dobro; aqui é trabalho de soldado. Não tem finalidade nem razão de ser. É feito para aborrecer os militares e fazer acreditar aos contribuintes que na caserna é necessária uma mão-de-obra abundante e especializada.
Freinet pergunta “porque é preciso, que lástima! Que a técnica escolar se pareça tantas vezes com esse trabalho de soldado?” A escola luta contra crianças rápidas demais ou conscienciosas demais, contra aquelas que acabam tão depressa os deveres que, decentemente, não se pode obrigá-las a repeti-los.” O que a escola faz então? Dá outra atividade, e outra e mais outra... assim o tempo vai passando. Hoje, com 97,9% das crianças brasileiras atendidas na escola, poucas conseguem acompanhar e entender de fato o que a escola espera delas.
Desculpe-me se tudo isso que eu digo provoque em você um sentimento de angústia. Não pense que este que vos fala é um profissional esgotado e desiludido com a vida. Já disse antes, sou um apaixonado pela ESCOLA, não quero demoli-la e não sou um niilista. Acredito que isso tudo precisa ser dito e divulgado. “ A Sabedoria grita nas ruas, faz ouvir a sua voz, nas elevações, ao longo do caminho, nas encruzilhadas das estradas, junto às portas das estradas e nos portões de saída se dirigindo aos que querem ouvi-la” (Livro dos Provérbios).
Voltando à Freinet: “nosso trabalho nos unirá”. Segundo ele: Os EDUCADORES têm a vantagem insigne de poderem dedicar-se a uma tarefa que a técnica humana ainda não despojou dos seus atributos naturais. A torrente, está lá, diante deles, ribombando e se agitando. E é por lhe opormos diques cedo demais que se imobiliza na planície. Depende apenas de nós vê-la novamente descer os declives e descer com ela, marretando obstáculos a serem derrubados, agarrando-nos por vezes às raízes da escarpa a fim de moderarmos impetuosidades, habituando-nos ao ribombar e ao ritmo das águas que correm, invencíveis, para a fertilidade e a vida.
As crianças e os adolescentes, de qualquer época, sempre darão trabalho. Eles não têm obrigação de saber nada, quem tem obrigação de ensiná-las é a geração adulta. Isso já dizia Durkheim. Nós somos VELHOS, eles NOVOS. Para nós, é o mesmo... visto e revisto... que novidade tem? Para eles, não. É sempre uma novidade. A cada ano que se inicia mais uma leva de NOVOS se nos apresenta pela frente. De novo? Mas, eu já não falei isso? Sim, você já falou isso, não para esses NOVOS. Para você que é VELHO, está cansado, desanimado, triste. É deja-vú. Para eles não. Para os NOVOS, tudo é novo para os VELHOS, que somos nós, vem o perigo do imobilismo e do cansaço.
Um parceirão meu, Roberto Carlos Ramos, Contador de Histórias, que já foi menino de rua, comeu “o pão que o diabo amassou” apresenta uma Pedagogia diferente: a Pedagogia do Amor, para ele um bom professor precisa ter qualidades definidas por três “f” (Força, fôlego e flexibilidade) para poder conduzir uma educação de qualidade. O contraste é o educador que também tem três “f”(fraqueza, fadiga e ferrugem), o eterno pessimista e desiludido com a profissão.
O educador precisa se renovar constantemente estando aberto às novidades, precisa reinventar-se cotidianamente e não pode abrir mão de algumas coisas importantes. Como o seu próprio saber-fazer. Algumas coisas se renovam, outras permanecem. O educador precisa ter bom senso para saber o momento de conservar e o momento de ousar.
A Instituição ESCOLA, não muda com a rapidez que a sociedade muda, seus profissionais não se formam na faculdade de licenciatura, como se poderia supor. Eles se formam nos primeiros anos do ensino fundamental, suas práticas como professores são as práticas daqueles professores que lhe marcaram positivamente no seu percurso escolar e com os quais aprenderam alguma coisa. Isso leva um tempo de doze anos. Cada professor ou professora tem o tempo de agora para marcar definitivamente a vida de seu aluno e marcará de uma forma ou de outra, positiva ou negativamente. É RESPONSÁVEL! Ou seja, responderá por isso na eternidade, não dá para se eximir disso.
O que querem os alunos? Querem um professor que saiba bem o conteúdo que ensina, equilibrado emocionalmente, que não seja tão distante, que sorria demonstrando carinho e afeto, que os atenda em suas necessidades. Não querem um professor que não se importe com eles, querem um que saiba ouvi-los, não querem um professor que “deixe a banda correr solta”, o professor precisa demonstrar que tem o controle da situação, que puna, mas que puna justamente. Eles querem limites! Autoridade, não autoritarismo. Há um limite tênue entre esses dois conceitos. Querem fazer atividades que façam sentido, que despertem o interesse, que chame a atenção e querem ser valorizados por isso.
Já ouvi no meu trabalho pelas escolas nas
quais passei grupos de alunos dizerem assim “se o professor tal colaborar
conosco, nós colaboraremos com ele também”.
Quando jovem na profissão, eu passei alguns
apertos para manter a disciplina em sala de aula. Um dia, um desses alunos me
respondeu o que calou fundo no meu íntimo: “O Breno por moral”. É isso, “As
ovelhas ouvem a voz do pastor”.
Para Madre Tereza de Calcutá os melhores professores são as crianças, elas sabem das coisas...
Para Madre Tereza de Calcutá os melhores professores são as crianças, elas sabem das coisas...
Concluindo,
é dentro da própria ESCOLA BRASILEIRA que está a chave de sua transformação.
Texto apresentado num seminário do dia 16 de julho de 2011, do grupo “Corpo Cidadão.
Texto apresentado num seminário do dia 16 de julho de 2011, do grupo “Corpo Cidadão.
(Aadaptado
em 26/11/2012.)
BRENO
JOSÉ DE ARAÚJO
ORIENTADOR
EDUCACIONAL
IBIRITÉ,
SEXTA-FEIRA, 26 DE NOVEMBRO DE 2012.